Os animais lutam desde o tempo dos réis. Antes ainda era mais ou menos compreensível pois não se tinha a mentalidade de hoje. Mas nós no século XXI ainda fazemos os animais sofrer com a mentalidade que temos? É incompreensível.
Esta prática clandestina, com apostas que chegam aos 7 mil euros, está a proliferar, em todo o país e processa-se em bairros e /ou locais de perigosidade, onde a própria polícia tem receio de actuar. Bem recentemente, foi dado assistir, através dos telejornais, animais treinados para atacar as forças da ordem.
De referir que esta prática tem ainda como trágico o facto de roubarem animais de estimação, para com eles poderem treinar os animais de combate. Só no prazo de dois meses desapareceram, entre Lisboa, Cascais e Sintra, mais de duas dezenas de animais de companhia; de referir ainda que alguns deles apareceram agonizados com feridas graves, principalmente, nos maxilares.
Esta prática, cruel e imprópria de países civilizados, é proibida em Portugal - ver Lei n.º 92/95 de 12 de Setembro; Capítulo I artigo1, 1ª alínea que diz: ” são proibidas todas as violências injustificadas contra animais" e art.º 3º: “ alínea f) Utilizar animais em treinos particularmente difíceis ou em experiências ou divertimentos consistentes em confrontar mortalmente animais uns contra os outros, salvo na prática da caça”.
O Pit Bull é a raça mais usada nessas lutas clandestinas por causa da força. A procura de cães desta raça aumenta no Verão. Essas lutas são feitas em campos de futebol, em espaços fechados - em garagens abandonadas, entre cães de muitas raças e são realizadas por todo o país.
Os cães são ensinados a lutar, ferrar, etc.…Os cães que lutam precisam de um mês para recuperarem as suas forças. Força, agilidade e rapidez são as destrezas fundamentais que um cão precisa para fazer um bom combate.
Apresentados os factos, torna-se disparatado concordar e apoiar, claro, este tipo de situações. É de muito mau gosto utilizar animais para divertimento e lucro dos que se responsabilizam por tal.
Um criador descreveu a luta que viu entre dois Pit Bull Terriers como «um espectáculo horrível». No entanto, este insistiu que a violência dos animais depende exclusivamente da forma como são tratados: «existem pessoas que os guardam em quartos escuros, alimentam-nos a carne crua e os agridem. Não admira que se tornem perigosos».
Embora esta realidade se acentue cada vez mais, a verdade é que a nossa legislação aborda estes crimes de uma forma muito superficial. O que leva a que, cada vez mais, se criem cães e outros animais, para fins “mortíferos”, gerando cada vez mais sofrimento no mundo animal.
Assim sendo, cabe-nos a nós, amantes dos animais, tentar travar o aumento desta onda de criminalidade, com os nossos próprios meios. Mas como? Podemos todos contribuir em várias vertentes; os criadores poderão restringir o acesso a certas raças de animais, a pessoas cujas intenções sejam levar os animais para estes fins. Por outro lado quem não é criador poderá contribuir denunciando (quem souber), às autoridades, situações que possam levantar suspeitas.
Os cães lutam entre si, isso é verdade, mas lutam instintivamente e por questões da sua natureza, lutam por serem portadores do instinto de matilha, lutam por liderança, ou para se imporem. Nem mesmo certas raças lutam por prazer. Lutam por serem induzidos a lutar, por saberem que serão estimulados e recompensados após as lutas.
E já viram a imagem que transparece para a sociedade, já viram o perigo originado pela inconsciência de certas pessoas? Estas são questões sobre as quais deveríamos reflectir... Perante este tipo de pessoas e de atitudes não será caso para perguntar, afinal quem é na realidade o animal? O cão ou o dono?
Há que ter consciência de que alterar os instintos básicos de um animal é um risco muito elevado quer para a sociedade quer para os próprios donos. Treinar um cão com a finalidade de lutar significa, submetê-lo a atrocidades impensáveis que vão contra os direitos dos animais.
Não deixe que a anarquia e a violência contra os animais cresça e se instale em Portugal. Todos juntos podemos ser a força da razão e sensibilizar quem de direito.